Em uma fazenda na Namíbia, o cão pastor Bonzo tem a dupla missão de proteger dos guepardos seu rebanho de cabras e, também, os fazendeiros. Esse pastor-da-anatólia, criado por ambientalistas, conseguiu que os moradores desse país no sul da África deixassem de ver os felinos como inimigos a serem exterminados.
Os cachorros são colocados em um rebanho com algumas poucas semanas de vida, para que possam criar vínculos com os animais de que irão cuidar. Eles vivem o tempo todo com o rebanho, acompanham-no durante o dia e dormem juntos à noite. Sua missão é manter os predadores sempre afastados.
"Os cães protegem o rebanho e, por isso, os fazendeiros não precisam mais matar os predadores", explica Laurie Marker, diretora do Fundo de Conservação dos Guepardos (Cheetah Conservation Fund, ou CCF), que cria esses cães – originários da Turquia – perto da cidade de Otjiwarongo, no norte da Namíbia.
"É um método não letal de controle de predadores. É ecológico, todo mundo está feliz, é uma abordagem em que todos ganham", destaca Laurie.
O CCF simplesmente reinventou e adaptou o conceito ancestral namíbio do cão pastor, em particular o pastor-da-anatólia, também chamado "kangal", um animal conhecido pela força e pela capacidade de suportar temperaturas extremas.
A entidade começou a criar cães pastores quando a diminuição da população de guepardos se tornou alarmante na Namíbia: 10 mil grandes felinos – que equivalem a toda a população mundial atual – foram abatidos ou expulsos de seus territórios nos anos 1980. Nessa época, até mil guepardos eram abatidos por ano, a maioria por fazendeiros que os viam como predadores de gado.
A população de guepardos no país chegou ao nível mais baixo, de 2.500 exemplares, em 1986. Desde então, aumentou para cerca de 4 mil, a maior concentração desses animais selvagens em todos o mundo.Em quase duas décadas, o CCF colocou cerca de 450 cães em diferentes rebanhos e capacitou 3 mil criadores. "Reduzimos a perda de gado de 80% até 100%, seja qual for o predador, quando os fazendeiros têm cães", diz Laurie.
Atualmente, existe uma lista de espera de dois anos para conseguir um cão pastor, e o programa já se espalhou para países como África do Sul – em breve, deve chegar à Tanzânia
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